quinta-feira, 1 de março de 2012

Fotos por Amanda Albuquerque







FRAGMENTOS

Quando terminei de escolher aleatoriamente as imagens de Fragmentos, senti como se “algo deixou de ser dito; há pulos, uma agulha que salta em um disco como os de vinil, unindo notas que estavam separadas.” (1). Essa instabilidade então remeteu-me ao que os físicos na mecânica quântica chamam de interconexões não-locais, ou seja, “algo que acontece em um lugar pode estar conectado com algo que acontece em outro lugar ainda que nada viaje de um lugar ao outro – e ainda que não haja tempo para que qualquer coisa, até mesmo a luz, possa viajar entre os eventos. Uma partícula, igual às incontáveis partículas que compõem o seu corpo e o meu, pode mover-se, mas não pode desaparecer. Do ponto de vista do seu emaranhamento, apesar dos trilhões de quilômetros de espaço que existem entre elas, é como se as partículas estivessem juntas.” (2). Quem sabe, apesar da aparente consistência narrativa nas exposições anteriores, entender essa conexão encadeada está além dos utensílios que tenho em mãos. Enfim, em consonância com as últimas duas décadas, sinto como se estivesse começando a fotografar agora.

Alexandre Santos


(01) – “Quando Kafka começa a ser Kafka” / Beatriz Bracher / Entrelivros*Entreclássicos.
(02) – O tecido do cosmo / Brian Greene.




Fotos Alexandre Santos